Até ao final do ano, mais de dez mil jovens, em Luanda, vão estar inseridos no mercado de trabalho, através da Academia Myowbu, da Nestlé, em parceria com o Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional (INEFOP).

A informação foi avançada pelo director-geral da Nestlé, Luís Correia, que explicou que o projecto Myowbu está inserido em vários países de África e, no caso de Angola, é denominado “O Meu Negócio”.

O projecto distribui “kits” com dispensadores para a venda de café e leite, nas ruas de Luanda. Neste momento, mais de dois mil jovens já foram contemplados e têm uma renda diária de dois mil Kwanzas.

Luís Correia indicou que os critérios para a inserção destes jovens no projecto é definido pelo Plano de Acção Para Promoção da Empregabilidade (PAPE), onde são capacitados e escolhidos de acordo com as suas habilidades, fundamentalmente, com vontade de trabalhar, acordar cedo e querer crescer na vida.

O responsável explicou que o projecto funciona em regime de comodato, onde é feita a entrega dos “kits” e equipamentos de cozinha aos empreendedores e eles ficam fiéis guardas dos mesmos. O acordo prevê ainda, através do BAI Micro Finanças (BMF), o financiamento de cerca de dois milhões de kwanzas, para garantir o meio de transporte e o fundo de maneio do empreendedor.

Para melhor sustentabilidade do negócio, a Nestlé exige dos empreendedores a criação de pelo menos 20 postos de trabalho, bem como o acompanhamento minucioso dos vendedores. Devem ainda garantir a obtenção de produtos para o negócio, todos os dias, de modo a não parar e  consequentemente fazer o retorno do crédito, sem sobressaltos.

Cada empreendedor, disse, pode ganhar mensalmente cerca de 350 mil Kwanzas. Por isso, o projecto é sustentável, sendo que a taxa do crédito é bonificada e tem um prazo de 24 meses para o reembolso.

O objectivo do projecto, salientou o director-geral, é fazer com que os jovens desenvolvam as suas actividades nas zonas em que residem, para evitar longas deslocações, e que estimulem a criação de empregos, para ajudá-los a garantir o sustento e, consequentemente, retirá-los da criminalidade e delinquência.

Geralmente, os vendedores fixam-se em paragens de táxi, em portas dos hospitais e outros locais onde há grande fluxo de pessoas, no período da manhã.

“O projecto está há muitos anos em África. Pretendemos transportá-lo para outra dimensão, que inclui jovens mais dinâmicos, que possam, no futuro, comercializar os nossos produtos na sua área de residência”, perspectivou.

Ainda dentro da parceria com o INEFOP, revelou, existe o programa dos Estágios Profissionais, que, no ano passado, absorveu 18 jovens, estando um terço deles a trabalhar na Nestlé, actualmente.

lançamento do projecto Myowbu, denominado “O meu Negócio”, está destinado a jovens. A parceria com o INEFOP, destacou, dá uma nova dinâmica ao projecto, porque os empreendedores inscrevem-se através da plataforma do PAPE e são, depois, encaminhados pelo Mayowbu, com o apoio do BMF.

Sonhos alcançados e vida sustentável

Marta Graça, 31 anos, está no projecto Myowbu há sete anos. Disse à nossa reportagem que a sua vida mudou desde que obteve o emprego e pelo facto de o rendimento ser satisfatório. Neste momento, ela trabalha com dez jovens, que, semanalmente, recebem um ordenado de 12 mil Kwanzas. Os vendedores normalmente fazem a venda nas imediações do Tanque do Cazenga, Hospital Américo Boavida e Frescangol.

Marta começou a trabalhar como vendedora. Por força do seu desempenho, mais tarde, foi inserida no projecto Myowbu, sendo hoje uma empreendedora de sucesso. Residente do município do Cazenga, com o esposo e três filhos, a jovem disse que foi bem recebida na Nestlé. Inicialmente, recebeu 50 caixas de leite Nido e Nescafé para fazer o Marketing. Hoje, tem o “kit” completo do projecto, fruto de muito esforço e dedicação.

Marta Graça aconselha outros jovens que estão no desemprego a abraçar esta oportunidade, porque muda a vida das pessoas.

“É aqui o ganha-pão para os meus filhos e ainda consigo mantê-los na escola, sem muitas dificuldades”, testemunhou a jovem.

Domingos Matias tem 26 anos e entrou no projecto há 13, por intermédio de um amigo. Antes, foi vendedor de um outro produto, mas optou pela Nestlé, por ser mais ambicioso e rentável. O jovem vive com a esposa, a mãe e um filho, sendo o único a levar dinheiro para a casa. Revela que não passa por muitas dificuldades, apesar da sua progenitora estar doente.

“Sabemos que não está a ser fácil ultrapassar essas dificuldades do país, mas é preciso muito empenho e dedicação para atingir os objectivos. Nada vem de mão beijada. O meu trabalho começa às 5H30 e termina às 10H00”, contou.

Depois da venda do café, o jovem não descansa, faz outros trabalhos, como o de montagem de parabólica, de electricidade e de pintura.

Outro estagiário da Nestlé é Fernando Bernardo, 23 anos. Está na área de produção há sete meses e tem esperança em ganhar um lugar na fábrica, depois do período de estágio. jovem disse ser bem tratado na fábrica e que faz parte de uma equipa jovem e dinâmica. Neste momento concorre a uma vaga com outros quatro colegas.