Jornal de Angola, dizem que nem sequer dão-se o trabalho de saber o que estas instituições têm de disponível na sua grelha formativa, porque acham caro ou “impossível” o ingresso. António Marcelo é um dos jovens contactos pela nossa reportagem, residente no município de Viana, tem 33 anos, está desempregado, sempre ocorreu-lhe que os cursos feitos nos centros de formação eram pagos e caros. O jovem reside a poucos metros do Centro de Formação Profissional de Construção Civil (CENFOC), uma instituição, afecto ao Instituto Nacional de Formação profissional (Inefop), localizado nas imediações da Vila de Viana. Segundo as políticas de emprego, o centro foi concebido como um estabelecimento público de referência, cujo objecto social é a formação, capacitação, aprimoramento de competências e prestação de serviços na área de construção civil. António Marcelo referiu que a falta de conhecimento deste centro, por vezes, faz com que muitos jovens continuem no desemprego, como é o seu caso. “Perdi o emprego há cerca de dois anos numa empresa petrolífera, se antes soubesse que com estes cursos era possível estar inserido no mercado de trabalho de forma mais directa, já teria procurado, ainda com a vantagem de não pagar nada”, lamentou. De momento, não será possível o jovem estar inscrito no centro, porque o ciclo formativo está em curso, terá de esperar por outras oportunidades. A nossa equipa de reportagem visitou o centro e apurou que foi inaugurado em 2008, desde a sua existência já formou cerca de sete mil pessoas, para este ano, estão inscritos 816 formandos. Os critérios para o ingresso no Cenfoc, é exigido ter habilitações literárias mínimas até a 9ª classe ou experiência profissional nos cursos de artes e ofícios ou formação contínua, com idade mínima de 15 anos, mas antes os candidatos tem de passar por um teste de selecção. Petra Boavida Brás é uma jovem de 24 anos, vive próximo do Cenfoc, em Viana, disse que ficou a saber da existência do centro por curiosidade, frequenta o curso de Construção Civil, porque pretende fazer aprimorar a prática daquilo que tem aprendido na universidade. Estudante do segundo ano, no curso de Engenharia Civil, no Instituo Superior Internacional Politécnico de Angola (ISIA), a jovem mostra-se optimista. “Tendo em conta que este curso engloba várias áreas técnicas, como electricidade e hidráulica, é preciso ter noção daquilo que passarei a fazer no futuro. A formação tem duração de um ano e seis meses e para sair de casa para o centro, apenas faço dez minutos de carro”, disse. Petra Brás pelou aos jovens que estão fora do sistema de ensino e não só, a aproveitarem as oportunidades que o Executivo tem dado, com a criação de centros e poderem fazer cursos que os pode colocar no mercado de trabalho ou mesmo abrir o seu próprio negócio e desenvolver a sua vida. Afirmou que nunca pagou nada no centro, por isso, considera uma mais valia para aqueles que não têm condições de pagar, “tenho incentivado os meus colegas para também entrarem no Cenfoc”. Contou que a sua paixão pelo curso de Construção Civil surgiu há muitos anos, sempre que viajasse e olhava para grandes obras, ficava encantada e imaginava fazer parte desses projectos. “Depois de terminar o curso, a meta é abrir a minha própria empresa, penso que por ser mulher, às portas nem sempre estarão abertas, por isso, tenho de começar já a pensar em como darei continuidade a carreira”, perspectivou. Marta de Almeida é outra rapariga que terminou o ensino médio em 2014, só este ano conseguiu entrar para o centro, ainda não está na universidade por questões financeiras. Entrou para o Cenfoc, através de uma amiga e optou em fazer Construção Civil porque ganhou paixão pela profissão de tanto ver grandes obras. Marta de Almeida disse que depois de concluir o curso pretende obter um emprego o mais rápido possível, para pode dar continuidade aos estudos na universidade, “apesar de ser um curso discriminado para as mulheres, hoje, tenho uma ideia diferente, porque todos somos capazes quando queremos atingir um objectivo”, salientou.   Critérios de entrada nos centros de formação   O Sistema Nacional de Formação Profissional conta, neste momento, com 722 unidades formativas, das quais 544 são privadas e 34 de outros organismos. Dos total, 144 são públicas, controladas pelo Instituto Nacional de Formação Profissional (INEFOP). No quadro da implementação do Plano de Desenvolvimento Nacional 2018-2022, o ministério da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social, tem duas grandes missões, consubstanciadas no reforço da capacidade do sistema nacional de formação profissional e o da promoção da empregabilidade. Além da formação profissional, o Executivo tem vindo a implementar as políticas activas de emprego onde se destacam os programas de fomento ao auto-emprego, micro crédito e formalização das actividades informais. O Director do Cenfoc, Manuel Pimentel disse que os critérios para entrada no Cenfoc é simples, rápido e sem muita burocracia. Um dos critérios exigidos é ter mais de 16 anos. O centro tem duas áreas específicas de formação e qualificação, que são as de Construção Civil e Metalomecânica, que incluem as especialidades de pedreiro, ladrilhador, pintor, canalizador, estucador, técnico de frio, carpinteiro de forma, assistente de tipografia, analises e testes, matérias de construção e montadores de estrutura metálica. Segundo o director, o centro foi constituído para formar quadros operários médios e técnicos superiores, inclui também cursos complementares e personalizados, direccionados a um público mais avançado, desde estudantes universitários e engenheiros. O Cenfoc tem formações direccionadas as empresas por solicitações para poderem qualificar o seu pessoal, sendo que este ano já formaram quatro instituições. “Anualmente recebemos cerca de 12 alunos universitários, dentre os quais seis são mulheres, o número tem estado a subir, principalmente, para os cursos de qualificação, como energias renováveis, canalização, tipografia e montadores de estrutura metálicas”. Referiu que para os cursos de qualificação os formandos não pagam nada, o pagamento só é exigido para àqueles especialidades que os formadores são colaboradores, tais como as formações de Contabilidade e Finanças Informatizada, Gestão de Recursos Humanos, Secretariado Executivo, Decoração e Desenho de Interiores, Excel Avançado entre outros. Os formadores destas especialidades são remunerados com a comparticipação dos formandos, que independentemente do curso, pagam em média três mil kwanzas, num curso que pode ter duração de três semanas, embora que alguns ciclos demoram mais tempo, em função da sua complexidade, e podem pagar no máximo até 30 mil kwanzas. A modalidade de pagamento é em função do valor, os mais caros podem pagar a prestações. Os cursos que não se pagam são os de especialização. O CENFOC dispõe de um laboratório central, localizado na Vila Chinesa, totalmente equipado para a realização de ensaios em solos, agregados e rochas, betões hidráulicos e misturas betuminosas. Realiza ainda controlo de qualidade em obra.  

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